blog Saúde e Bem-Estar

O que é Boca Seca?

O que é, quais são as causas e quais são os sintomas da xerostomia ou Boca Seca.

Dra. Lila Bolsanelo - Dentista
Dra. Lila Bolsanelo
Dentista com mais de 10 anos de experiência. Atendimento na Praia da Costa, Vila Velha - ES.
Data da publicação

O que é boca seca?

A boca seca, ou xerostomia, é uma condição caracterizada pela diminuição da produção de saliva na cavidade bucal. A saliva desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde bucal, sendo responsável por diversas funções, como a lubrificação dos tecidos orais, a neutralização de ácidos e a remoção de resíduos alimentares.

Quando a produção de saliva é insuficiente, vários problemas podem surgir. A saliva age como um elixir natural que auxilia na prevenção de cáries, protege contra infecções, promove a cicatrização de feridas e contribui para a manutenção de um equilíbrio saudável de bactérias na boca.

A xerostomia pode resultar de diversas causas, incluindo efeitos colaterais de medicamentos, condições médicas, estresse, ansiedade e até mesmo respiração pela boca. Além do desconforto imediato, a boca seca pode aumentar o risco de problemas bucais, como mau hálito, gengivite, cáries e infecções fúngicas.

A falta de saliva cria um ambiente propício para o crescimento bacteriano descontrolado, levando a um desequilíbrio microbiano na cavidade oral. Sem a ação lubrificante e protetora da saliva, os tecidos bucais tornam-se mais suscetíveis a lesões, irritações e infecções.

Manter-se hidratado, evitar o consumo excessivo de cafeína e álcool, realizar a higiene bucal adequada e, se necessário, utilizar produtos específicos para estimular a produção de saliva são estratégias que podem contribuir para aliviar a xerostomia e seus impactos negativos na saúde bucal.

O que deixa a boca seca?

Remédios

O uso de medicamentos é uma das causas comuns de boca seca, clinicamente conhecida como xerostomia. Diversos tipos de medicamentos, tanto prescritos quanto de venda livre, podem interferir na produção normal de saliva, levando a essa condição desconfortável. Alguns dos principais grupos de medicamentos associados à xerostomia incluem:

Antipsicóticos, antidepressivos e ansiolíticos

Os antipsicóticos, antidepressivos e ansiolíticos podem causar boca seca devido às propriedades anticolinérgicas de alguns desses medicamentos. A ação anticolinérgica interfere na atividade do neurotransmissor acetilcolina, que desempenha um papel crucial na estimulação das glândulas salivares. A redução da ação da acetilcolina resulta em uma diminuição na produção de saliva, levando à sensação de boca seca.

Esses medicamentos agem nos receptores de acetilcolina, bloqueando sua atividade normal. A acetilcolina é responsável por transmitir sinais que estimulam a produção de saliva. Quando sua ação é inibida pelos antipsicóticos, as glândulas salivares não são ativadas adequadamente, resultando em uma redução na quantidade de saliva produzida.

Além disso, alguns desses remédios podem causar efeitos colaterais como sedação e sonolência, o que pode levar à desidratação, outro fator que contribui para a boca seca. A ingestão insuficiente de água pode agravar a sensação de secura na boca.

É importante destacar que a resposta aos medicamentos pode variar entre os indivíduos, e nem todos que usam antipsicóticos experimentarão a mesma intensidade de boca seca. É crucial comunicar qualquer efeito colateral ao profissional de saúde para ajustes apropriados na medicação, se necessário.

Anti Hipertensivos

Os anti-hipertensivos, especialmente os bloqueadores dos canais de cálcio e os diuréticos, podem contribuir para a boca seca. Esses medicamentos atuam de maneiras distintas, mas ambos podem interferir na produção de saliva.

Bloqueadores dos Canais de Cálcio

Alguns desses medicamentos podem ter propriedades anticolinérgicas, inibindo a ação do neurotransmissor acetilcolina. Como a acetilcolina desempenha um papel crucial na estimulação das glândulas salivares, a redução da sua ação pode resultar em uma diminuição na produção de saliva, causando a sensação de boca seca.

Diuréticos

Esses medicamentos aumentam a excreção de líquidos através da urina, o que pode levar à desidratação do organismo. A falta de líquidos pode afetar a produção de saliva, contribuindo para a boca seca. A desidratação é um fator significativo na redução do fluxo salivar.

A boca seca induzida por anti-hipertensivos pode variar entre os pacientes, e a gravidade dos sintomas pode depender da dose e do tipo específico de medicamento. A hidratação adequada é fundamental para minimizar os efeitos da boca seca.

Anti-histamínicos

Os anti-histamínicos, comumente utilizados para tratar alergias, podem causar boca seca devido à sua interação com o sistema nervoso autônomo. Esses medicamentos bloqueiam a ação da histamina, uma substância química liberada durante reações alérgicas, mas também desempenham um papel na estimulação das glândulas salivares.

Os antihistamínicos, assim como os psicoativos, possuem propriedades anticolinérgicas, o que significa que interferem com a ação da acetilcolina e, consequentemente na estimulação das glândulas salivares, promovendo a produção de saliva. Ao bloquear essa ação, os anti-histamínicos podem reduzir a produção de saliva, levando à sensação de boca seca.

Além disso, os anti-histamínicos também podem causar desidratação indiretamente, já que alguns pacientes podem experimentar efeitos colaterais como sudorese aumentada e micção frequente. A desidratação é um fator adicional que contribui para a boca seca.

Pacientes que fazem uso de antihistamínicos e experimentam boca seca devem comunicar esse efeito colateral ao médico. Às vezes, ajustes na dose ou a consideração de alternativas podem ajudar a minimizar os sintomas, e é sempre importante manter uma boa hidratação para aliviar a boca seca associada ao uso desses medicamentos.

Medicamentos para Doença de Parkinson

Os medicamentos usados para tratar a doença de Parkinson, como os agonistas dopaminérgicos e a levodopa, podem contribuir para a ocorrência de boca seca. Esses medicamentos afetam o sistema nervoso central, especialmente a neurotransmissão da dopamina, uma substância química cerebral essencial.

A boca seca associada ao tratamento da doença de Parkinson pode ser atribuída a vários fatores. Primeiramente, alguns desses medicamentos podem ter propriedades anticolinérgicas, interferindo na ação da acetilcolina, um neurotransmissor envolvido na estimulação das glândulas salivares. A redução da atividade da acetilcolina pode resultar em uma diminuição da produção de saliva.

Além disso, alguns pacientes com doença de Parkinson podem experimentar efeitos colaterais como náuseas, vômitos ou dificuldades na deglutição, o que pode afetar indiretamente a produção de saliva. Dificuldades de deglutição podem levar a uma diminuição na estimulação das glândulas salivares, contribuindo para a boca seca.

Pacientes em tratamento para a doença de Parkinson devem comunicar qualquer sintoma de boca seca ao médico responsável. A revisão da medicação ou a consideração de estratégias para aliviar a boca seca podem ser abordagens úteis, garantindo que a qualidade de vida do paciente seja mantida da melhor forma possível.

Medicamentos para Asma

Os medicamentos utilizados no tratamento da asma, como broncodilatadores e corticosteróides inalados, podem contribuir para o surgimento da boca seca. Essa condição é frequentemente associada a alguns efeitos colaterais desses medicamentos, que afetam a produção de saliva.

Broncodilatadores, como os beta-agonistas inalados, também são conhecidos por terem efeitos secundários anticolinérgicos e interferem com a atividade da acetilcolina causando uma redução na produção de saliva, levando à sensação de boca seca.

Já os corticosteróides inalados, frequentemente prescritos para controlar a inflamação nas vias respiratórias, podem ter efeitos locais que afetam as mucosas. Isso pode resultar em irritação nas mucosas bucais e garganta, desencadeando a sensação de boca seca.

A xerostomia resultante do uso de medicamentos pode criar um ambiente bucal propício para o crescimento bacteriano descontrolado, aumentando o risco de cáries, gengivite, mau hálito e outras complicações. É essencial que os pacientes informem seus profissionais de saúde sobre quaisquer efeitos colaterais percebidos, incluindo boca seca, para que ajustes na medicação possam ser considerados quando apropriado. 

Radiação

A exposição à radiação, especialmente aquela direcionada à região da cabeça e pescoço durante tratamentos como radioterapia, pode causar boca seca. Esse efeito colateral ocorre devido aos danos causados às glândulas salivares pelo impacto da radiação.

As glândulas salivares são responsáveis pela produção de saliva, um fluido essencial para a saúde bucal. A radiação pode danificar essas glândulas, resultando em uma redução significativa ou mesmo na cessação da produção de saliva. Como resultado, o paciente pode experimentar boca seca crônica, o que não apenas causa desconforto, mas também contribui para problemas bucais, como mau hálito, cáries e dificuldade na deglutição.

A xerostomia induzida pela radiação é um desafio comum enfrentado por pacientes submetidos a tratamentos oncológicos na região da cabeça e pescoço. Estratégias para lidar com a boca seca, como o uso de saliva artificial e a adoção de cuidados bucais específicos, são frequentemente incorporadas para minimizar o impacto dessa condição na qualidade de vida do paciente.

Doenças sistêmicas

Doenças sistêmicas podem desencadear a xerostomia por meio de diversos mecanismos. Essa condição ocorre quando as glândulas salivares não produzem saliva adequadamente, e algumas doenças podem influenciar esse processo.

A diabetes descontrolada, por exemplo, pode prejudicar as glândulas salivares devido a alterações vasculares e neuropáticas. Isso resulta em uma diminuição da saliva, contribuindo para mau hálito e aumentando o risco de cáries.

A Síndrome de Sjögren, uma doença autoimune, ataca as glândulas salivares, reduzindo a produção de saliva e causando boca seca. Essa condição não só impacta a saúde bucal, mas também afeta os olhos devido à redução da lágrima.

Distúrbios hormonais, como na menopausa e hipotireoidismo, podem afetar as glândulas salivares, resultando em boca seca e aumentando o risco de doenças bucais.

Condições autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, podem ter componentes autoimunes prejudiciais às glândulas salivares, levando à xerostomia. Essa condição afeta não apenas a saúde oral, mas também o conforto do paciente.

Outros fatores

Diversos fatores além de condições médicas podem contribuir para a boca seca. A desidratação é um deles, pois a falta de água afeta diretamente a produção de saliva, essencial para a saúde bucal.

A respiração pela boca também pode levar à boca seca, especialmente durante o sono. Isso ocorre quando a pessoa respira pela boca devido a obstruções nas vias aéreas ou problemas nasais, diminuindo a umidade na boca.

O estresse pode desencadear a xerostomia, pois o corpo, em situações estressantes, pode reduzir a produção de saliva. Além disso, o estresse pode levar a hábitos prejudiciais, como respiração inadequada e tensão muscular, que afetam a saúde bucal.

O tabagismo é outro fator significativo. Os produtos químicos presentes no tabaco prejudicam as glândulas salivares, levando à xerostomia. Além disso, o calor do cigarro e a própria fumaça contribuem para a secura bucal.

O controle desses fatores pode envolver estratégias como manter-se hidratado, corrigir problemas respiratórios, gerenciar o estresse por meio de técnicas de relaxamento e, no caso do tabagismo, considerar programas de cessação para preservar não apenas a saúde bucal, mas o bem-estar geral. 

Quais são os sintomas?

Lábios secos e rachados

Os lábios secos frequentemente indicam a presença da xerostomia, ou boca seca. Este sintoma está relacionado à diminuição da produção de saliva, que desempenha um papel crucial na manutenção da umidade bucal. Quando a saliva é insuficiente, os lábios podem perder hidratação, resultando em ressecamento e sensação de secura. O lábio seco é um indicador visual comum da xerostomia, exigindo atenção para abordar a falta de umidade na cavidade bucal.

Mau hálito

O mau hálito, ou halitose, muitas vezes é um sintoma associado à xerostomia, condição em que há uma diminuição na produção de saliva. A saliva desempenha um papel crucial na limpeza da boca, neutralizando ácidos e removendo partículas de alimentos, e sua escassez pode criar um ambiente propício para o crescimento de bactérias causadoras de mau odor. Assim, o mau hálito persistente pode ser um indicativo da xerostomia, exigindo atenção para abordar a causa.

Cáries

As cáries, frequentemente, são um sintoma relacionado à xerostomia. A saliva desempenha um papel fundamental na proteção dos dentes, ajudando na remineralização do esmalte e na neutralização de ácidos. A escassez de saliva na boca seca cria um ambiente propício para o desenvolvimento de cáries, já que a proteção natural fornecida pela saliva é comprometida. Portanto, a ocorrência frequente de cáries também pode ser um indicativo da xerostomia.

Se você se identificou com algum dos cenários acima, especialmente na luta contra o mau hálito, marque uma consulta! Vamos trabalhar juntos em busca do seu conforto e saúde!